Algodão como motor econômico em Luís Eduardo Magalhães
Luís Eduardo Magalhães (LEM), no Oeste da Bahia, deixou de ser apenas uma cidade produtora para se tornar um polo de comércio e logística vinculado à cadeia do algodão. A transformação se apoia na expansão da cotonicultura regional, que, segundo a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e entidades do setor, criou demanda por fornecedores, serviços e infraestrutura — do varejo local a operadores portuários responsáveis pelo escoamento da safra.
Produção e dimensão regional
Dados citados pela Abapa, referenciados em levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), colocam a Bahia como o segundo maior produtor nacional, com previsão de 1,78 milhão de toneladas em 2025 e potencial de chegar a 1,95 milhão de toneladas em até 408 mil hectares cultivados. Esse volume sustenta a concentração de atividades no Oeste baiano e explica por que Luís Eduardo Magalhães se firmou como nó logístico do grão.
Logística e exportação: da fazenda ao porto
Operadores e exportadores destacam a integração entre produção e logística como elemento-chave. Em evento promovido pela Wilson Sons em LEM, o diretor executivo do Tecon Salvador, Demir Lourenço, informou que os investimentos no terminal já superam R$ 1 bilhão e que a modernização — com equipamentos e certificações como ABR-Log e Redex — amplia a capacidade de atender volumes maiores, oferecer janelas de embarque mais flexíveis e garantir rastreabilidade e segurança no embarque do algodão. Essas melhorias tornam o porto mais competitivo diante dos exportadores do Oeste baiano.
Mercados internacionais e projeções
Do lado da demanda, a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA) apontou perspectivas favoráveis, com foco em mercados asiáticos como Vietnã, Paquistão, China e Bangladesh, além da Turquia. O presidente da ANEA, Dawid Wajs, projetou quase 3 milhões de toneladas exportadas para a safra, ressaltando o papel do Brasil como grande fornecedor global e do Oeste baiano como pilar dessa competitividade.
Efeitos locais: empregos, comércio e serviços
O crescimento da atividade produtiva e a demanda por escoamento tiveram reflexos diretos na economia municipal. A Abapa e autoridades locais vêm destacando que a cotonicultura gera milhares de empregos diretos e indiretos, movimenta cadeias logísticas e industriais e amplia o mercado para fornecedores de insumos, transporte e armazenagem. Na prática, isso se traduz em maior consumo no varejo, surgimento de oficinas e prestadores de serviços, expansão do setor imobiliário e demanda por mão de obra técnica — formação e contratação que aparecem em eventos e feiras do setor realizados na região.
Integração entre atores e perspectiva de agregação de valor
Os eventos realizados recentemente na região — como o I Bahia Cotton Network, promovido pela Wilson Sons em Luís Eduardo Magalhães, e o Dia do Algodão promovido pela Abapa — mostram a agenda de aproximação entre produtores, exportadores, operadores logísticos, indústria têxtil e pesquisa. A presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa, ressaltou a importância do associativismo e da integração entre elos da cadeia para ampliar competitividade e presença em mercados exigentes. Autoridades estaduais presentes a eventos na região também defenderam avanços em infraestrutura e políticas públicas que possibilitem agregar valor à produção, com vistas a ampliar renda local e empregos.
O que muda para a cidade
Para Luís Eduardo Magalhães, a consolidação como polo cotonicultor significou não só maiores fluxos de transporte e movimentação de cargas, mas também o fortalecimento de um mercado doméstico mais diversificado. Fornecedores de máquinas e equipamentos agrícolas, prestadores de serviços de manutenção, empresas de transporte e logística, além de um comércio varejista mais robusto, vêm atendendo uma base produtiva crescente. Ao mesmo tempo, a interlocução com terminais como o Tecon Salvador e a presença de associações nacionais aproximam a cidade de decisões que afetam desde a colheita até o destino final do algodão no mercado internacional.
Em síntese, a cotonicultura consolidou Luís Eduardo Magalhães como um polo econômico regional ao criar demanda por serviços e comércio, ao conectar a cidade a cadeias logísticas e de exportação e ao promover interações entre produtores, operadores portuários e entidades exportadoras. Abapa, ANEA, operadores como Wilson Sons e terminais como o Tecon Salvador aparecem como atores centrais nesse movimento, que combina produção em campo, investimento em infraestrutura e acesso a mercados externos.