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Comércio da Baixada Santista enfrenta escassez de trabalhadores qualificados e comprometidos

19 de ago. de 2025google
Escassez de mão de obra qualificada desafia comércio regional

Comércio da Baixada Santista enfrenta escassez de trabalhadores qualificados e comprometidos

Donos de lojas e representantes do setor do varejo na Baixada Santista têm relatado dificuldades recorrentes para contratar profissionais com o perfil desejado — especialmente com vista à alta temporada e às contratações de fim de ano. A dificuldade envolve tanto a falta de qualificação técnica quanto problemas apontados pelos próprios comerciantes quanto ao comprometimento básico: assiduidade, pontualidade e disposição para trabalhar em finais de semana, segundo relatos reunidos em reportagem do THMais.

O caso é ilustrado por empresários locais. João Vilela, proprietário de duas lojas de artigos para casa e responsável por uma equipe de 15 funcionários, afirmou que planeja contratar três colaboradores — vendedores e estoquistas — para o fim de ano, mas enfrenta empecilhos para encontrar candidatos com o perfil exigido. Para ele, “mudou bastante o perfil das pessoas que querem emprego e não trabalho”, destacando a resistência a jornadas que incluam sábados e domingos e a dificuldade em cumprir o básico de horários e responsabilidades.

Leandro Fiorotti Silva, dono de uma loja de motopeças, relatou a mesma barreira: há vagas abertas que não atraem candidatos com interesse ou experiência no ramo, o que atrasa o preenchimento de funções essenciais ao atendimento e à gestão de estoque. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Santos Praia, Nicolau Miguel Obeidi, reforçou que, apesar da criação de vagas apontada pelos números oficiais, o setor convive com reclamações diárias sobre a falta de comprometimento e a elevada rotatividade.

Os dados citados pelos comerciantes ajudam a qualificar o cenário: conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — referenciado pela reportagem do THMais —, a Baixada Santista registrou melhora na geração de postos de trabalho em junho, com 1.189 vagas criadas nas nove cidades da região, ante 586 vagas em maio. No comércio varejista, o saldo foi de 104 vagas em junho, ligeiramente acima das 94 vagas de maio.

Apesar do balanço regional positivo, a distribuição entre municípios é heterogênea. Ainda segundo o Caged citado pelo THMais, Santos teve saldo de 111 vagas no varejo em junho, Itanhaém 46 e Guarujá 41. Em contrapartida, Bertioga, São Vicente, Peruíbe e Praia Grande apresentaram saldos negativos no mesmo período — dado relevante para a realidade local, já que comerciantes de cidades como São Vicente relatam dificuldade concreta para repor mão de obra qualificada.

Os relatos dos empresários e os números oficiais apontam para um desafio duplo: a existência de vagas formais acompanhada de uma oferta de trabalhadores com perfil percebido como inadequado pelo comércio. O problema ganha urgência com a proximidade das contratações sazonais de fim de ano, quando a demanda por atendimento e reposição de estoques cresce.

Em meio a esse quadro, exemplos locais de comércio tradicional chamam atenção para a importância do atendimento qualificado. A Destak's Produções, loja de aluguel de trajes de festa com mais de três décadas em São Vicente, destaca-se por manter atendimento personalizado e cuidado artesanal — características que, segundo a própria cobertura sobre a empresa, se tornaram sua assinatura. Esse tipo de serviço evidencia o peso do capital humano qualificado para negócios locais que competem com grandes redes e plataformas on-line.

As matérias consultadas não detalham políticas públicas ou programas específicos de qualificação ativa voltados ao comércio na Baixada Santista. O que se verifica nas fontes é a combinação de diagnóstico: reclamações de comerciantes sobre comprometimento e preparo dos candidatos e dados do Caged que mostram expansão de vagas na região, mas com saldos negativos em alguns municípios, entre eles São Vicente.

Na ausência de registros públicos ou anúncios de medidas locais nas reportagens consultadas, resta ao setor e aos municípios o desafio de conciliar a oferta de postos formais com iniciativas concretas de formação, atração e retenção de trabalhadores que atendam às necessidades do comércio, sobretudo em períodos sazonais de maior movimento.

Fontes citadas nesta reportagem: reportagem do THMais sobre a falta de mão de obra qualificada e dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged); perfil da Destak's Produções no jornal Metrópoles (jornalmetropolis.com.br) como exemplo de comércio local que valoriza atendimento personalizado.