Eventos culturais em Ouro Preto impulsionam circulação e preservação do patrimônio
Nos últimos meses, iniciativas culturais em Ouro Preto têm concentrado atenção sobre o potencial da economia criativa para gerar circulação de público e ampliar oportunidades para profissionais locais. A exibição do documentário "Terra Revolta: João Pinheiro Neto e a Reforma Agrária" no Museu da Inconfidência, a inclusão de 11 autores na Galeria de Escritores Beatriz Brandão e a programação do Festival de Inverno Universitário da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) são exemplos recentes que cruzam promoção cultural, memória e atuação institucional.
O lançamento do documentário no auditório do Museu da Inconfidência, seguido de debate com especialistas, foi destacado pelo produtor executivo Henrique Neto como um resgate da trajetória política e do projeto de reforma agrária encabeçado por João Pinheiro Neto. Para Alex Calheiros, diretor do Museu da Inconfidência, a exibição cria oportunidade para refletir sobre temas históricos e sociais, ampliando o engajamento do público com a história local.
Paralelamente, a Biblioteca Pública Municipal incluiu 11 novos nomes na Galeria de Escritores Beatriz Brandão, iniciativa promovida pela Prefeitura com participação das secretarias municipais de Educação e de Cultura e Turismo. A incorporação de autores como Alex Bohrer, Guiomar de Grammont e Valdete Braga foi celebrada como forma de registrar a produção literária da região e incentivar novas produções, conectando a preservação do patrimônio imaterial à formação de circuitos culturais locais.
O Festival de Inverno Universitário da UFOP, que reúne espetáculos, concertos, mostras audiovisuais e oficinas, vem ocupando espaços das cidades históricas da região e envolvendo tanto a comunidade acadêmica quanto o público em geral. A programação inclui apresentações em localidades vizinhas, como a sessão do espetáculo No Coração do Tempo em Mariana, e adota mecanismos de organização de público, como reserva de ingressos pela plataforma Sympla.
Essas iniciativas contam, ainda, com instrumentos voltados à promoção e ao aprimoramento da experiência turística. A Secretaria de Cultura e Turismo de Ouro Preto desenvolveu o Guia Ouro Preto Digital, em parceria com a startup Interact Place, que será lançado em feiras do setor e funciona como um "stand digital portátil". A plataforma multilíngue reúne mapas interativos, rotas temáticas, mediação cultural em áudio e acessibilidade em Libras, e inclui como acervo principais monumentos da cidade, entre eles o Museu da Inconfidência.
Com base nas ações descritas pelos organizadores e instituições envolvidas, percebe-se um movimento convergente: produções culturais que valorizam memória e saberes locais também ampliam a visibilidade de Ouro Preto como destino e atraem públicos diversos. A UFOP, o Museu da Inconfidência e a Prefeitura, ao articular exibições, homenagens e ferramentas digitais, criam canais de circulação de informação e de público que, segundo os próprios organizadores, favorecem a continuidade de projetos culturais e a consolidação de práticas de mediação.
Essa articulação entre programação presencial e recursos digitais tende a fortalecer o ecossistema cultural: as exibições e debates aprofundam o patrimônio imaterial, a Galeria institucionaliza trajetórias literárias e o festival amplia espaços de apresentação e formação. Para os gestores entrevistados e organizadores citados nas reportagens, a combinação de eventos e ferramentas de promoção é uma estratégia para manter a cidade no radar de públicos especializados e turistas, ao mesmo tempo em que cria espaços de trabalho e circulação para profissionais culturais locais.
As iniciativas também mostram atenção à inclusão e à acessibilidade — o Guia Ouro Preto Digital prevê acessibilidade total, com leitor de QR Codes e mediação em Libras —, o que pode ampliar o alcance das programações e, consequentemente, a participação de diferentes públicos nas atividades culturais. Ao unir preservação, formação e promoção turística, as ações recentes configuram um modelo de economia criativa que articula patrimônio, produção cultural e estratégias de atração de público para Ouro Preto.
Em síntese, museus, bibliotecas, universidades e a administração municipal têm apresentado iniciativas articuladas que, segundo os próprios responsáveis e organizadores, contribuem para preservar saberes locais, gerar oportunidades para o setor cultural e ampliar a circulação de visitantes — elementos centrais para a dinamização da economia criativa em Ouro Preto.