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Feira de Santana: diversidade de vagas no comércio expõe demandas por capacitação prática e ações articuladas

19 de ago. de 2025google
Mercado de trabalho e formação para o comércio em Feira de Santana

Feira de Santana: diversidade de vagas no comércio expõe demandas por capacitação prática e ações articuladas

Entre ofertas para caixas, vendedores e logística e cursos públicos de informática e higiene, foco recai sobre alinhar formação às exigências do mercado local

Feira de Santana apresenta um mercado de trabalho no comércio e serviços com grande volume e variedade de vagas, mas também sinais claros de desalinhamento entre o perfil exigido pelos empregadores e a qualificação disponível entre candidatos. Levantamentos divulgados em anúncios locais e pelos serviços públicos de emprego mostram oportunidades que vão de operadores de caixa e vendedores a funções de logística, auxiliares de produção, serviços de açougue e atendimento especializado para pessoas com deficiência.

O cadastro divulgado pela Casa do Trabalhador na cidade, reunido em boletins locais, traz um conjunto amplo de funções e, em uma das listagens, registra 159 vagas em diferentes atividades — incluindo operadores de caixa, ajudantes de carga e descarga, estoque, reposição, vendedores e funções administrativas com exigência de informática. No mesmo material há detalhamento de requisitos recorrentes: ensino médio, experiência mínima em carteira para várias posições e, com frequência, habilidade em pacote Office ou sistemas básicos de internet para cargos de atendimento e supervisão.

Esse padrão de exigências aparece também nas ofertas do Sine e de empresas locais: muitas vagas pedem conhecimentos em informática, domínio de Excel ou experiência em atendimento ao cliente, enquanto posições na área de alimentos e comércio (açougueiros, auxiliares de cozinha, manipuladores) reforçam a necessidade de formação em práticas de higiene e manipulação de alimentos.

Do lado da oferta de qualificação, existem iniciativas públicas e privadas que atacam pontos específicos dessa lacuna. A própria Casa do Trabalhador estruturou, em agosto, uma programação de capacitações gratuitas com aulas práticas e curtas sobre Excel, nivelamento de informática, Word, produtividade com inteligência artificial, elaboração de folha de ponto em Excel e aulas voltadas a e-mail, agenda e tarefas no Outlook — cursos que se inserem diretamente nas competências solicitadas pelas vagas administrativas e de atendimento.

No campo da higiene alimentar e regularização de estabelecimentos, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Vigilância Sanitária de Feira de Santana, promoveu um encontro direcionado a donos de mercadinhos e açougues para orientar sobre boas práticas, higienização, armazenamento, temperaturas ideais e documentação necessária. Em declarações à imprensa local, o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Matos, e a chefe da Vigilância Sanitária, Thaís Marques, colocaram a capacitação como estratégia de prevenção e aproximação entre o poder público e os empreendedores, ressaltando que muitas falhas decorrem da falta de informação.

Eventos setoriais também atuam como espaço de qualificação e geração de negócios. A Feira de Santana Beauty, apoiada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, trouxe workshops, palestras técnicas e stands com descontos, reunindo expositores e profissionais do segmento de estética e beleza e oferecendo programação gratuita que pode contribuir para aprimorar técnicas e gestão de pequenos salões e empreendimentos dessa cadeia produtiva.

Há ainda exemplos de articulação privada com impacto na empregabilidade. Os empreendimentos administrados por grandes grupos de varejo e shopping centers — citados em coberturas locais sobre a atuação empresarial na Bahia — são apontados como geradores de vagas em larga escala; no caso de empreendimentos que incluem o Boulevard Shopping em Feira de Santana, a trajetória empresarial referida em reportagens locais destaca a capacidade desses polos em consolidar empregos e demanda por mão de obra qualificada. Paralelamente, iniciativas de responsabilidade social e programas de inserção de jovens, como os vinculados ao Instituto Newton Rique, são mencionadas como tentativas de reduzir o descompasso entre jovens em busca de trabalho e as vagas oferecidas no varejo e serviços.

Apesar dessas iniciativas, desafios persistem. As ofertas analisadas mostram que muitas vagas exigem experiência comprovada ou escolaridade mínima, o que pode excluir candidatos sem histórico formal de trabalho. Ao mesmo tempo, funções operacionais e de atendimento costumam requerer conhecimentos práticos de informática e de normas sanitárias — áreas que nem sempre são cobertas por cursos básicos ou pela experiência informal dos candidatos.

Outro fator de instabilidade é a movimentação da infraestrutura urbana que atinge comerciantes locais: reportagem sobre a remoção de estabelecimentos em função das obras de duplicação do Anel de Contorno relatou notificações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informando que não havia processo de desapropriação e que, por essa razão, não haveria indenização. Donos de pequenos negócios afetados disseram que o prazo curto para saída e a ausência de alternativas locacionais ameaçam postos de trabalho e a continuidade de microempresas que empregam moradores da região.

O quadro que emerge das fontes locais sugere caminhos pragmáticos: a combinação de capacitações técnicas curtas (Excel, informática básica, Word), treinamentos específicos para o segmento alimentício (boas práticas de higiene e manipulação) e atividades setoriais com caráter formativo (workshops em feiras como a Feira de Santana Beauty) pode avançar na redução do desalinhamento. Ao mesmo tempo, a articulação entre poder público (Casa do Trabalhador, Vigilância Sanitária, Secretaria de Desenvolvimento Econômico) e iniciativas privadas e de terceiro setor (programas de inserção juvenil e responsabilidade social de centros comerciais) aparece nas reportagens como condição necessária para ampliar a empregabilidade e a competitividade do comércio local.

As evidências locais mostram: há demanda firme por mão de obra no comércio e serviços em Feira de Santana, e há oferta de cursos e ações públicas que endereçam parte das lacunas. Resta avançar na escala, na coordenação entre atores e na adequação dos prazos e conteúdos formativos às exigências práticas do mercado — incluindo atenção às situações de risco para pequenos empreendedores afetados por obras públicas.