Movimento por Instituto Federal no Campo Limpo reúne apoio e abre debate sobre acesso técnico em Taboão da Serra
Moradores e lideranças apontam oferta e mobilidade como motivos para escolher o Campo Limpo; MEC lista outras localidades para novos campi
Um movimento popular que reúne estudantes, professores, pais, lideranças comunitárias e apoiadores culturais está pedindo a instalação de um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF) no bairro do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Segundo organizadores citados pela reportagem, a proposta ganhou força com abaixo-assinados — cerca de três mil assinaturas online e mais de duas mil em papel — e ações de panfletagem e interlocução junto a autoridades, incluindo tentativas de contato com o ministro da Educação.
Os defensores da iniciativa argumentam que um campus no Campo Limpo poderia atender não só a população local — que, segundo a matéria, corresponde a uma região com cerca de 720 mil habitantes — mas também cidades vizinhas como Taboão da Serra, Embu das Artes e Itapecerica da Serra, que juntas somam mais de 700 mil habitantes. Entre os argumentos trazidos pelos mobilizadores estão a localização próxima ao terminal de ônibus e a existência, apontada por moradores, de um imóvel ocioso de uma universidade particular na Estrada do Campo Limpo como possível sede.
Para líderes locais ouvidos pela reportagem, a localização do campus faz diferença prática. Gerson Paz, presidente da Associação Cidadania Ativa do Jardim Macedônia, destacou a dificuldade de deslocamento para outras áreas da zona sul — exemplificando que, para muitos moradores, ir até o Jardim Ângela exigiria atravessar uma ponte e fazer baldeações — e colocou a proximidade como argumento a favor do Campo Limpo. O padre André Dimas também foi citado defendendo que um IF “no miolo da periferia” poderia proporcionar ensino de qualidade para os jovens locais.
Em contraponto à mobilização, o Ministério da Educação (MEC) informou que não há previsão de instalação de um Instituto Federal no Campo Limpo. O MEC afirmou que o programa de criação de 102 novos institutos considera prioritariamente regiões que ainda não têm unidades ou que registram número baixo de matrículas em cursos técnicos de nível médio. A própria lista de novas instalações prevista para São Paulo inclui, segundo a pasta citada na matéria, campi em locais como Cidade Tiradentes e Jardim Ângela, além de outras cidades do estado.
O impasse entre a reivindicação local e a decisão do MEC traz à tona questões centrais sobre integração regional, mobilidade estudantil e ocupação do mercado de trabalho. A mobilização aponta um potencial de demanda por formação técnica na periferia; já o posicionamento do MEC reflete critérios de planejamento federal que privilegiam áreas com menor cobertura da rede federal ou com baixa matrícula em cursos técnicos.
No contexto municipal, as reportagens locais registram iniciativas de formação que atuam em áreas específicas: a Escola Municipal de Artes de Taboão da Serra mantém inscrições e oferta de cursos nas áreas de desenho, artes manuais, música e teatro, conforme divulgado pela Secretaria de Cultura. Essas ações municipais, segundo a própria divulgação, ampliam oferta de qualificação artística e cultural, mas nas matérias consultadas não há menção a cursos técnicos federais ou a um campus do IF já existente em Taboão da Serra.
Com isso, a discussão aberta pelos moradores do Campo Limpo tem duas frentes claras: por um lado, a reivindicação local por maior proximidade e acessibilidade a cursos técnicos federais; por outro, a necessidade de que as políticas de expansão do ensino técnico federal considerem mapas de cobertura, fluxo de estudantes e critérios de matrícula. Organizações e moradores seguem mobilizados — com abaixo-assinados e interlocução junto a parlamentares e à esfera federal — enquanto o MEC mantém o planejamento divulgado para a expansão da rede.
O debate, portanto, permanece em curso: a mobilização popular expõe uma demanda percebida por formação técnica na periferia metropolitana que poderia beneficiar Taboão da Serra e municípios vizinhos, ao passo que a decisão final dependererá da avaliação do Ministério da Educação e da compatibilização entre oferta federal e iniciativas locais de qualificação.