Self storage cresce com apartamentos menores e abre espaço para negócios em São Paulo e Barueri
O encolhimento dos imóveis na capital paulista vem empurrando uma demanda por espaços externos para guardar móveis, documentos e estoques. Segundo o levantamento citado pelo Papo Imobiliário, em 2024, 83% dos novos apartamentos em São Paulo tinham menos de 45 metros quadrados — ante 75% no ano anterior — e 22% das unidades entregues mediam menos de 30 metros quadrados.
Esse fenômeno territorial favorece o modelo de self storage, segmento que oferece unidades privativas para armazenamento com contratos de curta duração e atendimento digital. De acordo com a empresa GoodStorage, que atua no mercado de armazenagem urbana, a oferta vai de boxes de 1 m² a 250 m², com contratos mensais e flexíveis, atendimento digitalizado e operações localizadas em mais de 50 prédios de bairros centrais como Pinheiros, Aclimação, Vila Olímpia, Bela Vista e Mooca.
Na visão da GoodStorage, citada na apuração, o serviço responde às necessidades de dois perfis principais: moradores de apartamentos compactos que precisam guardar itens sazonais ou volumosos e pequenos e médios empreendedores que utilizam os boxes como estoque ou até como espaço de operação. Thiago Cordeiro, fundador e CEO da empresa, resume a proposta ao afirmar que o self storage funciona como "uma extensão da casa dos paulistanos", combinando mobilidade, praticidade e organização.
Além da conveniência para famílias, o modelo revela um potencial prático para micro e pequenas empresas. O uso de boxes como estoque reduz a necessidade de locação de galpões maiores e permite escalas menores de inventário, o que pode baratear custos fixos e facilitar a gestão de negócios locais. A oferta de tamanhos variados (de 1 m² até espaços consideravelmente maiores) e contratos mensais favorece quem precisa de flexibilidade para adaptar o espaço ao ritmo de vendas ou às sazonalidades.
Do ponto de vista urbano, a própria GoodStorage destaca efeitos positivos: localização estratégica de unidades pode reduzir deslocamentos, integrar fluxos logísticos urbanos e otimizar o uso da infraestrutura, ao aproximar estoques dos pontos de consumo e trabalho. A digitalização do atendimento, por sua vez, contribui para agilidade no acesso e na gestão dos contratos, reduzindo burocracia e a necessidade de presença física constante.
Essas características abrem caminho para a expansão do modelo além do centro da capital. Cidades-satélite e polos de concentração econômica na Grande São Paulo — como Barueri e o distrito de Alphaville/Tamboré — apresentam sinais concretos que sustentam essa possibilidade: a região recebe investimentos e atividades corporativas e comerciais que geram demanda por serviços de apoio logístico e administrativo.
Exemplos locais reforçam o argumento. A operadora Azul Viagens registrou forte crescimento nas vendas e promoveu treinamento em sua sede em Barueri, indicando atividade corporativa na cidade; o Shopping Tamboré, em Barueri, abriga programação cultural e gastronômica que atrai público e movimenta o comércio; e iniciativas de recrutamento e programas de trainees citam Alphaville/Barueri como polos de atuação, colocando profissionais e empresas na região. Além disso, reportagens sobre o mercado de trabalho na Grande São Paulo mencionam vagas e empresa contratando em Barueri, o que sugere um mercado local ativo.
Para empreendedores que consideram investir em self storage ou para pequenos negócios que buscam soluções de armazenagem, essas evidências apontam dois eixos estratégicos: primeiro, localizar unidades próximas a núcleos de moradia densa e a polos de atividades econômicas reduz o custo logístico e aumenta a utilidade para clientes que acessam o espaço com frequência; segundo, oferecer serviços digitais e contratos flexíveis amplia o público-alvo — de moradores a lojistas online e prestadores de serviços que precisam de um ponto de apoio.
As limitações do atual conjunto de informações recomendam cautela: os números de metragem e as descrições de operação são provenientes do levantamento citado pelo Papo Imobiliário e das declarações da GoodStorage, e as indicações sobre a atratividade de Barueri decorrem de menções a operações e eventos locais. Ainda assim, a combinação entre imóveis cada vez menores, modelos comerciais adaptáveis e a presença de centros empresariais em cidades do entorno forma uma equação que justifica atenção de investidores e empreendedores à expansão do self storage na região metropolitana.
Em síntese, o self storage passa de serviço marginal a peça potencial do ecossistema urbano: atende à pressão por espaço gerada pela redução média das plantas residenciais, oferta soluções escaláveis a pequenos negócios e pode integrar-se à logística urbana quando instalado próximo a hubs de consumo e trabalho — o que torna Barueri e áreas como Alphaville candidatas naturais a receber futuros investimentos do setor.