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Varejo do Amazonas ficou estável em junho: balanço aponta compensação entre comércio tradicional e queda no Varejo Ampliado

19 de ago. de 2025google
Vendas do varejo no Amazonas ficam estáveis em junho, aponta PMC/IBGE

Por que as vendas do varejo no Amazonas ficaram estáveis em junho

O volume de vendas do comércio varejista no Amazonas não registrou variação em junho ante maio, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE (dados disponíveis no Sidra). No confronto anual, o varejo do estado avançou 0,6%; no acumulado do ano a taxa foi de 1,9% e, em 12 meses, o crescimento chegou a 3,5% — signos de uma trajetória moderada, mas ainda distante de recuperações mais vigorosas.

Ao mesmo tempo em que o varejo tradicional ficou estável mês a mês, o chamado Varejo Ampliado — que inclui, além do varejo, os segmentos de veículos, motos, partes e peças; material de construção; e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo — teve queda de 1,9% na comparação com maio. Na variação interanual, o Varejo Ampliado do Amazonas também mostrou recuo (-1,4%), embora o índice acumulado em 12 meses permaneça positivo (5,7%).

Esses movimentos sugerem que a estabilidade do varejo comum foi obtida pela compensação entre desempenhos distintos: a manutenção das vendas em segmentos de menor valor unitário ou de consumo mais frequente contrabalançou quedas em categorias de maior tíquete médio, como veículos e material de construção, que pesaram negativamente no agregado ampliado.

O resultado coloca o Amazonas em posições intermediárias no ranking nacional. Na comparação mês a mês do varejo, o estado ficou na 13ª posição entre as 27 unidades da federação; no indicador interanual entrou na 19ª posição; e, no acumulado em 12 meses, ocupou a 12ª posição. Já no Varejo Ampliado, a queda mensal de -1,9% deixou o Amazonas na 20ª posição — um recorte que reforça o impacto relativo dos segmentos incluídos nessa categoria sobre a dinâmica local.

É importante lembrar que as séries da PMC aqui citadas são ajustadas sazonalmente pelo IBGE e levam em conta efeitos de calendário e feriados (Carnaval, Páscoa e Corpus Christi), além de identificar valores atípicos. Ou seja, a estabilidade registrada em junho já considera variações sazonais que normalmente influenciam o ritmo das vendas.

Entre as possíveis explicações observáveis nos dados e no contexto local estão: a menor atratividade de compras de bens duráveis e investimentos em construção no mês (refletidos no Varejo Ampliado), enquanto o consumo cotidiano e as vendas em lojas de rua, supermercados e comércio de bens de consumo rápido mantiveram volumes próximos aos de maio. Também há no calendário local uma série de eventos e atrações em Manaus — entre feiras, shows e ações de estímulo ao empreendedorismo promovidas por instituições como o Sebrae Amazonas — que podem ter ajudado a sustentar o tráfego e as vendas do comércio tradicional, embora não exista nos dados da PMC um vínculo direto que mensure esse efeito.

Para comerciantes, a leitura desses números aponta para sinais práticos: a necessidade de ajustar estoques e promoções para segmentos que seguem mais sensíveis às oscilações (veículos, material de construção e atacado especializado), enquanto se mantém atenção à demanda recorrente do varejo básico. Para formuladores de políticas, o padrão reforça a importância de medidas que estimulem crédito e investimento nos segmentos duráveis e de construção, se a intenção for recuperar o dinamismo do Varejo Ampliado.

O comportamento misto entre varejo convencional e ampliado também traz um sinal de cautela sobre a interpretação dos indicadores: um agregador estável não significa recuperação uniforme entre setores. A próxima rodada da PMC, com os dados de julho, está programada para divulgação em 11 de setembro, segundo o calendário da pesquisa, e será importante para verificar se junho representou uma pausa temporária ou o início de uma tendência mais longa.