Fechamento de agência do Bradesco em São João da Barra põe em foco acesso a serviços bancários enquanto economia local recebe novas vagas e qualificações

O anúncio do encerramento das atividades da agência 6585 do Bradesco em São João da Barra, confirmado pela assessoria do banco à reportagem do Manchete RJ, reabre o debate sobre o acesso a serviços financeiros no município ao mesmo tempo em que surgem oportunidades de formação e trabalho ligadas ao Porto do Açu.

Sobre o fechamento: o Bradesco confirmou que a agência será encerrada ainda neste mês. Embora a data não tenha sido oficializada pelo banco, o Portal OZK informou que o encerramento ocorrerá em 22 de agosto. Segundo o comunicado citado pelo banco, as contas dos clientes da agência serão direcionadas para a agência 960, em São Francisco de Itabapoana, localizada a 19 quilômetros de São João da Barra.

O Bradesco justificou a decisão como parte de uma mudança no modelo de atendimento, citando que "98% do total de operações realizadas pelos clientes acontecem por meio dos canais digitais" e que a rede vem transformando parte das agências em unidades de negócio, com ajustes no tamanho físico ou unificações. Em nota, o banco destacou que os moradores da região continuarão tendo acesso aos principais serviços por meio do Bradesco Expresso, a rede de correspondentes bancários, além de aplicativo e internet banking.

O fechamento da agência soma-se ao encerramento das atividades do Santander no município, efetivado em 14 de julho, episódio que também foi registrado pela imprensa local e mencionado em relatos sobre a reação sindical. O Sindicato dos Bancários promoveu um protesto quando começaram a circular informações sobre a possível desativação, conforme noticiado, mas o banco manteve o planejamento.

O recorte econômico local: enquanto o serviço bancário presencial na cidade sofre redução, outras frentes ligadas ao mercado de trabalho na região continuam em expansão. O Grupo Prumo, responsável pelo Porto do Açu, abriu inscrições para o Programa de Estágio Integrado com vagas para São João da Barra e para o estado do Rio de Janeiro, oferecendo oportunidades para cursos como Administração, Engenharias, Ciência de Dados, Enfermagem e outros. A diretora executiva de Capital Humano da Prumo Logística, Ângela Serpa, é citada defendendo o programa como porta de entrada para talentos e um meio de conectar a região ao desenvolvimento do complexo portuário.

Além disso, uma ação de qualificação local foi destacada pela prefeitura e pelo IFFluminense: 77 formandos receberam certificados nas Normas Regulamentadoras NRs 29, 35 e 37, cursos apontados como diferenciais para quem busca emprego no setor portuário, offshore e operações marítimas. Segundo a coordenação citada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico e pelo IFF, os currículos dos formandos foram cadastrados no Sistema Automatizado de Gestão da Empregabilidade (SAGE), e os participantes receberam também uma oficina de empregabilidade.

Confronto entre serviço físico e demandas do mercado: os fatos disponíveis mostram uma tendência simultânea: redução de pontos de atendimento bancário presencial e intensificação de iniciativas de formação e oferta de vagas associadas ao Porto do Açu. Do lado das instituições financeiras, o Bradesco aponta a digitalização como respaldo para o fechamento e sugere alternativas como correspondentes bancários. Do lado econômico, empresas e entidades de formação ofertam mão de obra qualificada para setores que exigem presença e operação local.

Essas dinâmicas têm implicações práticas que permanecem a serem observadas: a mudança do ponto de atendimento para uma agência a 19 quilômetros de distância altera rotinas de clientes e comerciantes que dependem de serviços presenciais; por outro lado, a chegada de estágios e certificações profissionais pode elevar a demanda por serviços locais, inclusive financeiros, na medida em que mais trabalhadores ingressarem em setores formais ligados ao porto.

Em declarações públicas citadas nas reportagens, o Bradesco defende que canais digitais e correspondentes garantirão o acesso aos serviços essenciais, enquanto o movimento sindical demonstrou insatisfação com a desativação física das agências. Ao mesmo tempo, Prumo e o IFF expressam iniciativas de atração e qualificação de mão de obra para aproveitar o crescimento das operações portuárias.

Com isso, São João da Barra vive, segundo as informações disponíveis, um momento de transição em sua infraestrutura de serviços e em seu mercado de trabalho: a cidade registra tanto o fechamento de agências bancárias quanto a oferta de vagas de estágio e certificações voltadas ao desenvolvimento do Porto do Açu. Como essas tendências vão se equilibrar na prática — especialmente em relação ao atendimento a pequenos comerciantes, trabalhadores portuários e população que depende do serviço bancário presencial — dependerá da adaptação dos moradores aos canais alternativos e do impacto real das oportunidades de emprego e qualificação anunciadas.